Governos locais e instituições financeiras se conectam em prol do desenvolvimento sustentável 2i1vd

Representantes de cidades da América Latina e agências de desenvolvimento se reúnem para fortalecer oportunidades de financiamento climático. 1c2q1y

28 de maio de 2021 68184x

Crédito: Sadie Teper

A agenda de financiamento climático está ganhando força e atenção devido ao seu papel central em possibilitar o desenvolvimento de ações de mitigação e adaptação climáticas. Visando catalisar os fluxos de capital em nível local, torna-se necessário capacitar gestores públicos para o o e atração de investimentos. 2r2a6z

 

Apesar de sua inquestionável importância, existem desafios a serem superados para o avanço nesta agenda. O que se observa é que, de um lado, existe a dificuldade de identificação de projetos financiáveis de governos subnacionais por parte das instituições financeiras. De outro, existe a necessidade de aprimorar a compreensão e a capacidade técnica dos governos em relação às oportunidades existentes. Além disso, as instituições financeiras e as cidades raramente têm alguma oportunidade de interação. 

 

Com base nesse contexto, o ICLEI vem atuando na agenda do financiamento climático a partir de três frentes: aumento do o à informação; capacitação, educação financeira e promoção de formação para gestores públicos; e facilitação de uma maior aproximação entre governos locais e bancos e agências de desenvolvimento. Ao longo do mês de maio, a organização facilitou diversos encontros individuais entre instituições financeiras e cidades, capacitando-as na construção de pitches de seus projetos e aproximando-as de financiadores. As cidades de Buenos Aires, Medellín, Cuenca, Teresina e Sorocaba se reuniram com instituições financeiras como BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e BCIE (Banco Centroamericano de Integração Econômica).

 

Para Rodrigo Perpétuo, Secretário Executivo do ICLEI América do Sul, a decisão de um governo local em buscar recursos internacionais é política e está intimamente vinculada à conjuntura local. “ar fundos internacionais diz respeito à intencionalidade e requer esforços da cidade ou estado na alocação de recursos, coleta de dados e uma preparação intensa para que o projeto seja financiado. Quanto mais os governos se preocuparem em mapear e identificar fontes locais de recursos, que possam complementar e impulsionar o início da implementação, e quanto maior a clareza das capacidades de oferecimento de contrapartidas, maiores serão as chances de obter êxito em seus financiamentos. E isso vai depender da conjuntura política e econômica de cada país onde aquele governo local está inserido.”

 

Diante deste cenário, o ICLEI Global; América do Sul; México, América Central e Caribe, com apoio da GIZ/FELICITY, realizaram nesta sexta-feira (28) um evento com o objetivo de contribuir para um melhor entendimento das oportunidades de financiamento, bem como dar dicas e oferecer às cidades um espaço de teste e aprimoramento de pitching

 

Cidades latinoamericanas na vanguarda de soluções urbanas sustentáveis

 

O evento foi uma oportunidade para que representantes de diversas cidades, incluindo Buenos Aires (Argentina), Cuenca (Equador), Medellín (Colômbia), Sorocaba e Teresina (Brasil), integrantes da Rede ICLEI, pudessem apresentar seus pitches e receber recomendações de um júri composto por representantes de instituições financiadoras.

 

Marcela Norenã, profissional sênior na Secretaria Executiva de Meio Ambiente de Medellín, apresentou o projeto “Implementação de Soluções baseadas na Natureza”, que tem como objetivo mitigar os efeitos da mudança climática, melhorar a qualidade do ar e implementar Soluções baseadas na Natureza (SbN). Foram identificados diversos espaços com possibilidades de implementação de tais soluções como estações de metrô, parques e avenidas.

 

“Temos desafios relacionados à formação de ilhas de calor e falta de áreas verdes na cidade e, por isso, é essencial começar a planejar áreas verdes, o que fazemos por meio do plano de renaturalização”, afirmou Noreña. 

 

A cidade de Buenos Aires também marcou presença. Agustín Lagos, Gerente de Energia da Agência de Proteção Ambiental de Buenos Aires, apresentou a “Plataforma de Gestão Urbana de Energias Renováveis”, que visa a instalação de painéis solares em edificações na cidade, desenvolvendo também uma ferramenta de gestão urbana que permita avaliar e monitorar as taxas de emissões. A ferramenta nasce como uma plataforma escalável e, portanto, replicável por outros governos locais interessados.

 

A iniciativa está diretamente ligada com as demais ambições climáticas de Buenos Aires, como reforça Lagos: “Em nosso plano de ação, nos comprometemos a reduzir nossas emissões de carbono até 2050, quando esperamos que 20% dos prédios da cidade contem com energia fotovoltaica.”



O projeto “Gestão e Conservação das áreas estratégicas no cantão de Cuenca para a conservação de recursos hídricos e do solo” foi apresentado por Francisco Sánchez,  Subgerente de Gestão Ambiental da empresa pública ETAPA EP da cidade de Cuenca.

 

Com foco na adaptação aos efeitos da crise climática, surgiu a partir da identificação de alguns desafios tais como o aumento populacional e os impactos causados pela crise climática. Seu intuito é manter a qualidade dos serviços ambientais oferecidos pelos bosques e montanhas da cidade, por meio de mecanismos e estratégias de conservação e proteção de zonas vulneráveis e de importância ambiental como medida de adaptação para os efeitos da mudança climática. 

 

“O projeto pretende preservar mais de 5 mil hectares que são fornecedores de serviços ecossistêmicos e que apresentam uma grande biodiversidade local”, destacou Sánchez.

 

Cidades brasileiras também apresentaram seus projetos. A primeira delas, Sorocaba, destacou o projeto “Centro para Todas as Pessoas”, que tem como principal meta a revitalização das calçadas do centro da cidade visando a construção de espaços mais sustentáveis.

 

De acordo com Clebson Ribeiro, Engenheiro Agrônomo e Servidor Público da Prefeitura de Sorocaba, “o projeto se baseia no conceito de ‘ruas completas’, uma forma de olhar tais espaços com foco nas pessoas, visando que o centro seja seguro para todos e todas e que Sorocaba seja uma cidade viável, humana, segura, saudável e sustentável.” 

 

A proposta traz o alargamento de 7,4 km em vias da região central, aumento de 400% da cobertura vegetal, a criação de jardins de chuva (SbN) e instalação de iluminação LED. Com isso, espera-se contribuir com a diminuição das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e dos impactos causados pela crise climática. 

 

Por fim, o projeto “Eu plantei sua comida”, apresentado por Mariana Fiúza, Assistente de Coordenação do Programa Teresina 2030 da Secretaria Municipal de Planejamento e Coordenação da Prefeitura Municipal de Teresina, busca trabalhar com foco em três questões fundamentais para a cidade: a baixa resiliência, a baixa sustentabilidade e a insegurança alimentar. 

 

Para superar tais desafios, tem como proposta a elaboração de um estudo de viabilidade; a estruturação de hortas e a capacitação de 1.300 horticultores, sendo 80% mulheres; e o desenvolvimento de um plano de gestão dessas hortas.

 

Fiúza afirma que “ao amplificar as características locais e aumentar nossos compromissos com a resiliência climática, no âmbito do Teresina 2030, queremos nos tornar a capital do turismo agroecológico e da gastronomia orgânica e protagonizados por mulheres.”

 

A ocasião foi também uma oportunidade para que agências de desenvolvimento apresentassem oportunidades disponíveis para financiamento, compartilhando suas experiências, expectativas e dicas para que as cidades possam adequar suas propostas de acordo com o que é exigido e esperado, aumentando suas chances de êxito. Algumas oportunidades destacadas foram o GAP Fund, C40 Cities Finance Facility, The Subnational  Climate Finance Initiative (SCF), The International Municipal Investment Fund (IMIF) e BID que, além de detalhar o Programa de Ciudades Emergentes y Sostenibles (CES), compartilhou seus diversos mecanismos de apoio disponíveis como cooperação técnica, doações, empréstimos e alianças com outros organismos.

 

“O clima, na perspectiva da mitigação e adaptação, será cada vez mais um critério impositivo e determinante para a obtenção de financiamento. Cidades que ainda não têm um compliance climático devem fazê-lo com urgência, uma vez que esta prática será cada vez mais mandatória”, finaliza Perpétuo. 

 

Sobre o TAP – Transformative Actions Program

 

Lançado pela primeira vez em 2015, o Programa de Ações Transformativas (TAP), liderado pelo ICLEI e apoiado pelos seus 14 parceiros, visa catalisar e melhorar os fluxos de capital para cidades, vilas e regiões por meio do reforço da sua capacidade de o ao financiamento climático para atrair investimento.

 

Os projetos são enviados por convocatórias anuais e, em seguida, avaliados pelo Secretariado Mundial do ICLEI. Aqueles que apresentam alto potencial de transformação tornam-se parte do pipeline de projetos e são convidados para apresentar seus conceitos a instituições financeiras, provedores de recursos de preparação de projetos e investidores privados.

 

Reconhecendo que os governos locais e regionais precisam de apoio para a preparação de projetos, o TAP oferece serviços de capacitação tais como webinars, workshops de intercâmbio entre pares, o a ferramentas e produtos de conhecimento a todos(as) candidatos(as).